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Relatórios da Premier League: Bruno Guimarães

Relatórios da Premier League: Bruno Guimarães
Getty Images
Redacción
The Coaches' Voice
Publicado el
abril 21 2022

BRUNO GUIMARÃES

Newcastle, 2022-Presente

O Perfil:

A contratação de maior investimento do Newcastle sob os comandos de Eddie Howe foi a de Bruno Guimarães, que trocou o Lyon pelo clube inglês numa transação de 42 milhões de euros. Meio-campista versátil, com experiência na Champions League e apresentações internacionais com a seleção brasileira, Bruno tem correspondido às expectativas e já se tornou uma referência no Newcastle.

“A torcida o ama, e com razão”, disse Howe. “Tem o dom da técnica, mas também é forte e resistente. É o pacote completo”, afirmou o treinador do Newcastle.

Análise técnica:

Bruno Guimarães é destro e pode atuar tanto de volante, como de meia. É um jogador que se destaca pela qualidade nos passes e, particularmente, pela capacidade de associação com os atacantes. Assim, consegue superar as linhas rivais. Além disso, costuma progredir em campo de diferentes maneiras. Sua distribuição de jogo nas áreas centrais é muito eficiente. Ademais, tem a capacidade de variar seus passes, dependendo dos movimentos e do posicionamento dos companheiros que tem à frente.  

Pode desbloquear a defesa rival com apenas um passe às costas dos defensores adversários. Isto, com a intenção de encontrar seus companheiros em velocidade. Sua habilidade para executar esses passes ofensivos é superlativa. Encontra espaço nas linhas rivais que outros jogadores não veem e, no caso de não existir espaço à frente, costuma buscar soluções para atacar as linhas adversárias de outras formas. 

Guimaraes desbloquea a defesa rival com apenas um passe às costas dos defensores adversários

Quando o rival se posiciona defensivamente em um bloco baixo, Bruno Guimarães mostra sua eficiência nos passes posicionando-se à frente da linha de meio-campo rival. É capaz de encontrar seus companheiros, seja com assistências ao redor ou por cima das defesas adversárias (acima). Sua tomada de decisão, especialmente na hora de executar o passe, é capaz de desarmar a estrutura defensiva rival de maneira destacada. Além do mais, sabe fazer a bola circular com intuito de mover as linhas rivais e criar espaços. 

Ele ainda mostra bom entendimento do jogo e consegue acelerar o ritmo de sua equipe. Isto, através de associações mais rápidas, algo que permite explorar esses espaços gerados por uma construção mais paciente. Cada vez que surge a oportunidade de penetrar com um passe, Guimarães busca tirar proveito da situação.

Além de poder aparecer pelo meio, Bruno Guimarães colabora com os avanços de sua equipe com as mudanças de jogo. Normalmente, busca receber nos corredores internos, antes de executar um passe direto aos jogadores avançados (abaixo). Este movimento por dentro, por sua vez, em direção à bola, arrasta consigo a marcação de um oponente. 

Quando consegue ter a bola por mais tempo, Guimarães se mostra paciente até que encontre a opção de passe pelo meio. Se a melhor opção for jogar ao redor do bloco rival, então deixará que a movimentação de seus companheiros pelo meio arraste as marcações rivais. O que deixará mais espaço aos companheiros que jogam por fora. 

Bruno Guimaraes executa um passe direto aos jogadores avançados

Em fase defensiva, Guimarães é forte, agressivo e extremamente competitivo quando se trata de recuperar a posse (abaixo). É polivalente e trabalhador quando precisa cobrir companheiros posicionados atrás dele, e se desloca sem problemas para brigar pela bola. É rápido quando sai para os lados nessas ações, sempre tentando induzir o adversário a ir em direção a seu lado mais forte, onde é difícil de ser batido. 

Busca recuperar a bola o mais rápido possível. Apesar de ter sua utilidade, por outro lado, nem sempre surte o efeito desejado quando pressiona um rival de forma agressiva. O que pode levar os adversários a receberem em velocidade e se movimentarem rapidamente para superá-lo, ou serem parados com falta. 

Bruno Guimaraes recupera a bola o mais rápido possível

Função como volante:

Sob os comandos de Rudi García no Lyon, Guimarães era utilizado como um dos volantes no 4-2-3-1, ou como o único volante no 4-3-3. Quando atuava como único volante, ocupava mais a linha central, com outros dois meio-campistas pelos lados. Os extremos pressionavam por dentro e os laterais geravam superioridades para dar amplitude ao time. Os meio-campistas centralizados do Lyon - que podiam ser Lucas Paquetá, Houssem Aouar ou Maxence Caqueret – tomavam posições próximas aos extremos, Karl Toko Ekambi e Tino Kadeware. Nesta dinâmica, Guimarães oferecia uma opção mais profunda de passe quando a equipe conseguia fazer circular a bola desde áreas interiores em direção às exteriores. 

Sob os comandos de Peter Bosz, com o Lyon da temporada 2021/22, Guimarães fez parte da dupla de volantes no 4-2-3-1 ou integrou a linha de três do meio-campo. Em ambos os sistemas, se deslocava aos corredores internos para fazer a ponte entre zagueiros e laterais (abaixo). Seu posicionamento por trás da linha de passe somava opções de trocas de posição pelos lados, com os laterais gerando superioridades e o extremo correndo para dentro. Esse posicionamento lhe dava mais opções de passe entre linhas, enquanto também abria a possibilidade de mudar o lado da jogada. Os extremos do Lyon no lado oposto mantinham a amplitude, com a certeza de que Guimarães podia acioná-los.   

Função como meia:

Guimarães também jogou como meia (ou segundo volante) no 4-3-3 desenhado por Rudi García no Lyon. Aqui, quando o volante recuava para ficar entre os zagueiros, habilitando, assim, uma linha de três na fase de construção, o brasileiro e o outro meio-campista de lado adotavam o posicionamento de uma dupla de volantes. De qualquer forma, com Léo Dubois e um Maxwel Cornet transformado em lateral que pressionava mais acima, os extremos do Lyon por vezes adotavam até posicionamentos mais recuados. O que fazia com que o atacante centralizado, Memphis Depay, recuasse ao meio-campo.

Depois disso, Guimarães tinha um amplo leque de opções de passes pelo meio, enquanto o posicionamento alto dos laterais lhe oferecia a opção de inverter o lado da jogada. Neste esquema, e também graças ao desempenho de Guimarães na função, aquele Lyon atingiu seu melhor nível. 

Cada vez que o volante do 4-3-3 do Lyon fixava sua posição, Guimarães ganhava liberdade para ir à frente. Desde o corredor interior, o brasileiro buscava combinações com a linha mais próxima com passes curtos e precisos. Nesta função, Bruno mostrou sua capacidade de fazer conexões com passes curtos, sendo capaz de romper linhas rivais com rápidas combinações com seus companheiros. 

No Newcastle, sob os comandos de Eddie Howe, atua principalmente como segundo homem numa linha de três no meio-campo, mesmo que tenha um perfil bem mais ofensivo e mais extenso em comparação com o que teve na França. Papel que tem exigido um maior esforço físico, mas que tem se traduzido numa maior presença nos metros finais e, com isso, despertado também seu lado goleador (acima).