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Conceitos táticos: Intercâmbio de posições

Conceitos táticos: Intercâmbio de posições
Redacción
The Coaches' Voice
Publicado el
abril 27 2023

O que é o intercâmbio de posições?

Os intercâmbios de posições (denominados rotações em inglês) são movimentos sincronizados nos quais participam ao menos dois jogadores de uma equipe em posse de bola. Geralmente, os jogadores que fazem o intercâmbio de posição se deslocam a espaços normalmente ocupados por um companheiro em outro local, com o objetivo de receber a bola ou desestruturar a ordem defensiva do adversário.

Como os treinadores utilizam o intercâmbio de posições?

O intercâmbio de posições é utilizado para que os jogadores tenham a bola em zonas que ajudem a equipe a progredir. Os movimentos se realizam de maneira que os jogadores, individualmente, possam se desvencilhar de seus marcadores e, quando um movimento coincide com o de um companheiro, haja mais possibilidades de quebrar a estrutura do adversário.

O intercâmbio de posições pode ser especialmente eficaz contra um sistema de marcação individual. Uma vez que determinados defensores podem ser arrastados a zonas onde não conseguem proteger a própria baliza. Além de aumentar a probabilidade de um jogador da equipe com a posse da bola encontrar espaço para receber o passe.

Os treinadores podem utilizar os intercâmbios de posições para ajudar sua equipe a atacar zonas-chave do campo, onde considerem que seus rivais sejam mais vulneráveis. Ao mesmo tempo, os intercâmbios de posições podem ajudar a tirar jogadores-chave de zonas específicas do campo, que seriam posteriormente ocupadas pelos jogadores capazes de levar mais perigo à baliza rival.

Os técnicos também podem configurar sua equipe para utilizar intercâmbios de posições que concedam a determinados jogadores funções diferentes no ataque e na defesa. Por exemplo, um lateral que integre a linha defensiva em momentos sem a posse da bola poderia jogar bem avançado quando o time está atacando, resultado de um intercâmbio de posições previamente planificado pelos lados do campo.

Qual intercâmbio de posições é mais frequente? Quais posições mudam com mais frequência?

Os movimentos opostos são os mais comuns e simples, nos quais dois jogadores trocam suas posições. Este tipo de intercâmbio costuma ser utilizado nas intermediárias, no centro do campo ou no ataque. Um exemplo seria um centroavante que se desloca para receber o passe e um companheiro mais recuado avança à frente do atacante (acima).

Outro intercâmbio recorrente acontece quando o ponta se desloca para dentro, o lateral faz a ultrapassagem, enquanto um meio-campista interior cobre o espaço deixado pelo lateral (como mostram Luis Díaz, Andy Robertson e Jordan Henderson na mesma imagem acima). Isso é especialmente frequente nas equipes que utilizam um esquema 4-2-3-1 ou 4-3-3.

Os jogadores que integram a linha de meio-campistas podem tentar se desmarcar de seus oponentes diretos fazendo o intercâmbio de posições (abaixo). Algo que se mostra especialmente útil quando uma equipe enfrenta um adversário que tenha o mesmo número de jogadores no setor. Uma linha de meio-campistas que faça intercâmbios com fluidez pode ajudar a equipe na construção desde a defesa, fazendo o jogo progredir até o último terço do campo.

O intercâmbio de posições com o terceiro homem também é muito comum e pode ser realizado em qualquer parte do campo. Este intercâmbio costuma envolver três jogadores e termina com um movimento em profundidade sem bola para recebê-la por trás de uma linha ou de um jogador rival.

Quais são as vantagens do intercâmbio de posições?

Quando bem executado, o intercâmbio de posições é muito difícil de ser marcado. Se os movimentos forem bem coordenados - sejam eles planejados de antemão ou improvisados -, podem dar ao time uma vantagem enorme e muito imediata. Um treinador pode trabalhar para colocar determinados jogadores em um lugar específico do campo com um intercâmbio previamente planejado. Mas, em geral, treinar os intercâmbios de posições ajudará os jogadores a se adaptarem às diferentes situações de jogo e resolvê-las. Os intercâmbios de posições improvisados são ainda mais difíceis de lidar para o adversário.

Uma vantagem significativa dos intercâmbios de posições é que podem ser realizados por qualquer grupo de jogadores em qualquer posição e em qualquer formação. E também podem evoluir durante uma partida. Podem ser projetados para enfrentar um jogador ou time específico, ou para aproveitar ao máximo uma força específica da própria equipe.   

Quais são as desvantagens do intercâmbio de posições?

Os intercâmbios de posições podem ser complexos e difíceis de entender, sobretudo em termos de sincronização. É importante também que os jogadores compreendam o porquê de se tentar colocá-los em prática. Quando não são feitos com eficácia, oferecem poucas possibilidades de fazer o jogo progredir, de desordenar a estrutura do adversário ou criar chances de gol. Fazer intercâmbios de posições apenas por fazê-los é um desperdício de energia para os jogadores.

Por isso, eles devem potencializar o jogo ofensivo de uma equipe, em vez de tirar os atacantes mais perigosos das zonas mais ameaçadoras para o rival. Os movimentos desperdiçados podem fragilizar a estrutura ofensiva de uma equipe. Além de deixar espaços em sua própria estrutura ou os atacantes mal posicionados caso a equipe perca a posse de bola.

Quais treinadores dão máximo protagonismo aos intercâmbios de posições?

Marcelo Bielsa

Os intercâmbios de posições pelos lados do campo, naquele Leeds United de Bielsa, eram imprevisíveis e eficazes. Mas foram os movimentos dos meio-campistas que proporcionaram a base para o melhor jogo de ataque da equipe. Quando enfrentava um meio-campo também formado por três jogadores, Bielsa cobrava um constante intercâmbio de posições de seus meio-campistas (abaixo). O que ajudava o Leeds a avançar com mais homens e furar a estrutura do adversário.

Pep Guardiola

No Barcelona, no Bayern de Munique e no Manchester City, Guardiola sempre utilizou um grande número de intercâmbios específicos de posições para ajudar sua equipe a atacar.

No Barcelona, a utilização de Messi como falso nove significava que o argentino caía em profundidade enquanto os pontas e, às vezes, um meio-campista central, atacavam o espaço por ele liberado. 

Guardiola utilizou também de forma consistente laterais invertidos, como Philipp Lahm (no Bayern), Kyle Walker e João Cancelo (ambos no City) entre os jogadores que atuavam como laterais, mas que se deslocavam ao centro do campo. O que permitia aos meio-campistas centralizados adotarem posições mais avançadas. Além de permitir aos meias interiores, como David Silva, Ilkay Gündogan ou Kevin De Bruyne (no City), penetrarem no último terço (abaixo).

Jürgen Klopp

Os intercâmbios de posições pelos lados têm sido uma parte crucial do êxito de Jürgen Klopp com o Liverpool. É algo feito com eficácia por sua equipe, tanto em transições ofensivas como durante longos períodos de posse de bola. Um ponta - jogadores como Sadio Mané, Mo Salah e Diogo Jota— traçava a diagonal por dentro enquanto o centroavante, por exemplo Roberto Firmino, recuava habilmente em direção ao meio-campo. A seguir, os laterais Andy Robertson e Trent Alexander-Arnold proporcionam a amplitude ofensiva. Além disso, com meio-campistas interiores versáteis e enérgicos, como Georginio Wijnaldum, James Milner ou Jordan Henderson, que ofereciam cobertura e apoio por trás da linha da bola (abaixo).

Quais habilidades ou pontos fortes precisam ter os jogadores para executar corretamente esses intercâmbios?

Os jogadores devem ser conscientes das quatro referências do jogo: o espaço, a bola, os companheiros e os adversários. Perder de vista um desses elementos pode influir consideravelmente na eficácia de um intercâmbio de posições e provocar a ruptura da jogada.

Compreender como pode afetar um intercâmbio de posição o momento em que se realiza o movimento também é fundamental. Por isso, é importante que os jogadores sejam inteligentes e saibam seguir as instruções de seu treinador. Fazer um intercâmbio de posições precipitadamente pode significar que o jogador seja rastreado com facilidade. E fazê-lo com muito atraso pode dar tempo ao rival para cobrir o espaço no qual o jogador gostaria de receber a bola.

Os atletas também devem ter boas qualidades técnicas para receber a bola em movimento. Além de jogaram com a cabeça erguida para dar sequência à jogada de sua equipe.

Como devem se defender as equipes que enfrentam um intercâmbio de posições?

Se os defensores se comunicam bem e fazem a cobertura do companheiro que se desloca de sua posição, o acompanhamento individual direto pode ajudar a anular um intercâmbio de posições do adversário. Outra alternativa, um enfoque por zona bem organizado pode fazer frente com eficácia a um intercâmbio de posições. Com os defensores mantendo suas posições e conservando a estrutura original enquanto os rivais fazem o intercâmbio em frente a eles.  Se um defensor se aproxima ou pressiona o jogador com a bola e bloqueia uma linha de passe a um dos jogadores que tenha feito o intercâmbio de posições, pode frustrar este intercâmbio. O bloqueio dessas linhas de passe acaba por atrasar o avanço rival. Além de permitir que os companheiros de equipes cubram o espaço desejado pelo adversário com o intercâmbio de posições. Isso ao mesmo tempo em que colocam o jogador com a bola sob pressão.