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Saída de bola: principais estruturas

The Coaches' Voice
Saída de bola: principais estruturas
Getty Images
Redacción
The Coaches' Voice
Publicado el
noviembre 29 2023

A saída de bola, em termos gerais, é uma opção encontrada pela equipe para colocar a bola em jogo a partir de sua própria baliza. A intenção principal da saída de bola é manter o controle da posse, evitando a pressão rival, e avançar ao campo adversário.

Mas a maneira como é feita determina o estilo de jogo de um time. Assim, podemos falar de equipes com um perfil associativo, com passes curtos e médios, ou um perfil direto, com lançamentos longos. Cada estilo também é marcado pelas diferentes conexões entre os jogadores com a bola e seus companheiros.

Existem muitas estruturas diferentes de saída de bola (um exemplo é a adotada por Paco Jémez, vídeo abaixo), mas pedimos aos nossos treinadores que escolhessem e analisassem cinco das mais comuns utilizadas atualmente. Cada uma delas foi relacionada a um treinador, além de ter suas vantagens e desvantagens de sua execução analisadas.

Saída de bola com goleiro, três defensores e dois meio-campistas

É comum ver esse tipo de saída de bola no Manchester City de Pep Guardiola, que converte a linha de quatro defensores (dois laterais e dois zagueiros) em uma linha de três que aparece como consequência do deslocamento de um zagueiro para a posição de meio-campo central, formando uma dupla de volantes (abaixo).

Dessa forma, o City começa a sua construção ofensiva com a mesma estrutura que usa no ataque, ou seja, numa formação 3-2-3-2. Isso permite que os jogadores ocupem, na saída de bola, as zonas específicas dentro de uma mesma estrutura que posteriormente irão ocupar no ataque. Sem a necessidade de variar seu posicionamento.

Vantagens

A principal vantagem dessa estrutura na saída de bola é a superioridade gerada no primeiro terço do campo. Os adversários têm de escolher o que fazer diante dos jogadores que estão longe da bola, aqueles que não participam da saída de jogo. Isso permite que os cinco jogadores que iniciam a construção, ao lado do goleiro, tenham mais espaço para jogar.

Geralmente, o City cria (abaixo) uma situação de seis contra cinco na saída de bola se os jogadores mais afastados mantiverem a distância correta em relação à bola, enquanto esperam que seus companheiros consigam sair da pressão adversária.

Desvantagens

O problema dessa saída de bola é que ela depende da pressão adversária, pois se o time contrário não pressionar o goleiro, não há vantagem. Neste caso, é o goleiro que deve assumir o risco de provocar a pressão rival, liberando assim um de seus companheiros. Além disso, se não houver paciência e qualidade nos primeiros movimentos com a bola, não será gerado um receptor sem marcação.

Saída de bola com goleiro, quatro defensores e dois/três meio-campistas

É comum que Carlo Ancelotti posicione os jogadores do Real Madrid na saída de bola com o mesmo posicionamento defensivo. Isto é, com dois zagueiros e dois laterais formando a linha de trás e três meio-campistas à frente deles (abaixo).

Uma estrutura à qual se acrescenta um jogador mais posicional no meio-campo e outros dois com maior liberdade de subir e descer no terreno de jogo. Os três atacantes, por sua vez, têm a tarefa de empurrar o bloco defensivo adversário para trás e criar espaço para receberem a bola por dentro.

Vantagens

A vantagem dessa organização de quatro defensores mais dois/três meio-campistas na saída de bola é que ela permite um número maior de apoios, mais linhas de passe e também mais opções para sair da pressão adversária (abaixo). Além disso, se a segunda linha de pressão for superada, o ataque será facilitado com a metade do campo adversário livre.

Desvantagens

A principal desvantagem desse início de construção está no grande número de jogadores que se acumulam na saída de bola e no próprio campo. Um aspecto que facilita a pressão adversária. Portanto, para ter sucesso nesse tipo de saída, são necessários jogadores com alta precisão de passe, pois eles têm menos espaço para combinar e progredir.

Saída de bola com goleiro, quatro defensores e dois volantes

Para esse tipo de estrutura na saída de bola, tomamos como principal exemplo a seleção argentina treinada por Lionel Scaloni. Nesse caso, os zagueiros se aproximam do goleiro e os laterais ficam próximos aos zagueiros, mantendo a linha de quatro defensores também com a bola. Para garantir mais opções de passe, os volantes se posicionam nas proximidades da área (abaixo).

Enquanto isso, os jogadores de lado, os atacantes e o meia se mantêm afastados. O posicionamento desses jogadores mais distantes gera mais espaço para os sete atletas envolvidos na saída de jogo e menos adversários perto da bola.

Vantagens

A vantagem dessa saída de bola é dada pelo escalonamento dos volantes, que facilita a criação de espaço em torno do volante mais próximo da bola, enquanto o outro fixa um defensor em sua pressão. Isso permite acionar o volante mais próximo e atrai a atenção do adversário. Ação que, por sua vez, libera laterais e zagueiros para receberem de frente e avançarem no terreno de jogo.

Desvantagens

A principal desvantagem dessa estrutura é o alto risco assumido pela equipe com a bola. Uma eventual perda da posse na faixa central do campo deixará o adversário no mano a mano com o goleiro.

Saída de bola com goleiro, três zagueiros, três meio-campistas e suporte pelos lados

Mauricio Pochettino implementa esse tipo de saída de bola no Chelsea. Dentro da área, o goleiro recebe o apoio dos três zagueiros que compõem a linha defensiva. Os laterais, sejam eles considerados parte da linha defensiva (5-3-2) ou parte do meio-campo (3-5-2), aproximam-se dos zagueiros para facilitar uma linha de passe.

Com os meio-campistas próximos à área para oferecer mais soluções, a equipe estrutura uma saída de bola com oito jogadores no primeiro terço do campo. Assim, deixa somente três jogadores distantes da linha de passe.

Vantagens

A vantagem dessa saída de bola reside na dúvida que cria para o adversário. Em sua pressão, o rival deve escolher entre igualar numericamente (oito contra oito) e desproteger a sua linha defensiva, ou proteger a linha defensiva e tentar forçar um erro ou recuperar a posse com menos jogadores. O que gera espaços e superioridade para a equipe com a bola em zonas laterais.

Desvantagens

A desvantagem é que, se o adversário optar por igualar a marcação (oito contra oito), a saída de bola se tornará difícil devido ao número de jogadores no setor. Assim, a maneira mais provável de evitar a perda da posse seria a utilização de uma bola longa.

Saída de bola com goleiro, dois zagueiros e dois meio-campistas

Essa abordagem é colocada em prática por Roberto de Zerbi no Brighton, onde uma primeira estrutura é criada em torno da bola com dois zagueiros, um de cada lado do goleiro, e dois meio-campistas à frente deles.

Essa conexão do Brighton com dois zagueiros, dois meio-campistas e o goleiro é usada para atrair o adversário e superá-lo. Uma vez que ela cria uma superioridade na zona de criação, além de um espaço bem-vindo na zona de finalização.

Nos tiros de meta do Brighton de De Zerbi, é comum vermos um meio-campista posicionado ao lado do goleiro. Em seguida, esse meio-campista avança rapidamente para formar a estrutura de dois zagueiros e dois meio-campistas (abaixo).

Vantagens

Essa estrutura na saída de bola dá a iniciativa ao goleiro e permite que o jogador que inicia a construção, um dos meio-campistas, possa dar suporte tanto na zona central quanto pelos lados. Dessa forma, o meio-campista que iniciou a jogada pode posteriormente receber a bola em vantagem ou atrair um adversário para que outro companheiro de equipe aproveite o espaço que ele criou com sua movimentação.

Desvantagens

A saída proposta por De Zerbi exige, sobretudo, paciência. Assim, se não houver uma vantagem clara, o jogador com a bola não deve se precipitar. Geralmente, ele irá voltar a jogada para tentar atrair os adversários e liberar companheiros de equipe da marcação rival.