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Bloco médio: cinco chaves para sua execução

Bloco médio: cinco chaves para sua execução
Getty Images
Redacción
The Coaches' Voice
Publicado el
29 de abril 2024

Quando falamos de bloco médio nos referirmos à forma de defender no segundo terço do campo com uma estrutura compacta, em que as linhas (ataque, meio-campo e defesa) estão próximas umas das outras e há pouca distância entre os jogadores.

Os principais objetivos do bloco médio são impedir a progressão do adversário e tentar a recuperação da bola no campo rival, embora ainda distante do gol adversário.

Uma das vantagens de se utilizar o bloco médio é que a equipe pode facilmente se adaptar à qualquer situação de jogo. Por exemplo, se a equipe quiser fazer uma pressão alta, o posicionamento em bloco médio facilitará o deslocamento das linhas. Ao mesmo tempo que, se optar por proteger a sua própria área, o bloco médio também ajudará na formação de uma estrutura defensiva sólida, perto da área defensiva, em um curto espaço de tempo.

Mas o bloco médio também pode causar desvantagens se não for executado corretamente. Pode encontrar-se posicionado em uma zona do campo onde não será possível roubar a bola, nem proteger as costas da linha defensiva. Dois defeitos que oferecem ao adversário, com bola, tempo e espaço suficientes para executar o passe.

Após uma análise geral do bloco médio, comumente utilizado por técnicos como Carlo Ancelotti, no Real Madrid, e Abel Ferreira, no Palmeiras (vídeo abaixo), nossos especialistas apontam cinco aspectos básicos para a sua execução.

Pressão dos atacantes

O posicionamento do bloco médio favorece a recuperação da posse de bola, mas, ao mesmo tempo, faz com que a zona às costas da linha defensiva fique desprotegida. Por isso, um dos pontos-chave em sua execução é a pressão correta dos atacantes e dos jogadores de lado (abaixo).

São eles que têm a responsabilidade de pressionar o homem da bola para fechar as vias de passe, na primeira linha rival, em sua saída de bola, bem como impedir que o adversário tenha espaço e tempo suficientes para avançar.

Por outro lado, ao pressionar o adversário, os atacantes devem estar em constante comunicação com as outras duas linhas: meio-campo e defesa. Isso é fundamental para que tanto os meio-campistas, quantos os defensores, se movimentem de acordo com a movimentação de seus companheiros de ataque, evitando, assim, que se abram espaços entre as linhas do bloco médio, o que favoreceria o jogo interior do adversário.

Direcionar o jogo rival para os flancos

Uma equipe que se posiciona em bloco médio deve estar ciente dos riscos que corre com essa estrutura. Sobretudo, a exposição de sua defesa quando o adversário tem a posse de bola no meio-campo. Nesse caso, o rival tem mais opções de passe e, consequentemente, capacidade de progredir. Além de ter mais espaço para filtrar bolas e superar linhas com apenas um passe.

Riscos assumidos, a execução correta do bloco tem um objetivo principal: forçar o adversário a levar sua posse de bola para os flancos. Uma vez alcançado esse objetivo, os jogadores posicionados em bloco médio devem abandonar os três corredores e realizar o equilíbrio defensivo em direção ao lado onde ocorre a jogada.

Dessa forma, é gerada uma superioridade numérica sobre o adversário, o que facilita o roubo de bola ou potencializa a chance de um erro rival (abaixo).

Aumento das distâncias e do ritmo

Uma premissa clara do bloco médio é priorizar a pressão, ou seja, a tentativa de roubar a bola, em  detrimento da temporização. Mas, para que isso aconteça, dois conceitos precisam ser implementados (abaixo).

O primeiro é aumentar o espaço entre linhas, pois isso facilita o acesso do defensor a mais áreas do campo. Os jogadores devem se coordenar para que esse aumento do espaço entre linhas não resulte em desajustes que possam ser aproveitados pelo adversário.

Depois, como segundo ponto, é obrigatório que os jogadores em bloco médio aumentem seu ritmo defensivo. Eles devem realizar um trabalho constante e muito físico durante toda a partida para serem bem-sucedidos.

Ajustes e coberturas sucessivas

No bloco médio, um defensor pode ser ultrapassado pelo oponente, mas o sistema inteiro jamais deve ser. Para isso, os jogadores têm de ser capazes de realizar os ajustes posicionais e as coberturas quase de maneira automática (abaixo).

Por 'ajuste posicional' nos referimos à movimentação dos jogadores - individual ou coletivamente - de um lado do campo para o outro. De uma ponta à outra. O ajuste pode ser realizado por um único jogador, por uma linha completa ou por todo o bloco.

No bloco médio, os ajustes posicionais são necessários porque a pressão força o adversário a jogar para trás ou para os flancos. Quando o rival desvia seu jogo para um dos lados, o bloco médio deve fechar, o mais rápido possível, os espaços onde a bola e os jogadores rivais tendem a cair.

A cobertura é o movimento às costas de um companheiro para ajudá-lo caso ele seja superado. Nesse caso, é fundamental entender o conceito de 'coberturas sucessivas'. Algo feito para que cada jogador, em cada linha da pressão, receba a cobertura de seu companheiro imediato.

Dessa forma, todos os jogadores podem se mover em direção ao flanco escolhido pelo adversário, com a certeza de que têm a proteção de um companheiro de equipe.

Goleiro na borda da área

O goleiro também desempenha um papel importante no objetivo de adiantar linhas quando se joga em bloco médio (abaixo). Especialmente em situações que o adversário volte a jogada para trás ou  a desenvolva pelos lados. Portanto, seu posicionamento no terreno de jogo é muito importante nas ações de ataque do adversário.

Em geral, o goleiro deve se posicionar, no bloco médio, de modo que consiga proteger seu gol e, ao mesmo tempo, ser capaz de cobrir os zagueiros (abaixo). Assim, desencoraja lançamentos e passes em profundidade do rival, quando a pressão não for bem-sucedida. Além de estar sempre atento para possíveis finalizações de longa distância quando sua equipe estiver mais recuada.