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Sistemas táticos: 4-4-2

Sistemas táticos: 4-4-2
Getty Images
Redacción
The Coaches' Voice
Publicado el
23 de marzo 2022

O que é o 4-4-2?

O 4-4-2 é uma formação composta por três linhas definidas. Uma primeira defensiva de quatro jogadores: dois zagueiros e dois laterais. À frente deles, quatro atletas formam a linha de meio-campo, com dois centralizados e dois abertos pelos lados. A linha de ataque é formada por dois atacantes centralizados que, em fase ofensiva, oferecem profundidade e ameaça de gol.

Qual é a origem do 4-4-2?

Em meados do século XX, surgiu a formação 4-2-4. Este novo sistema tinha dois
extremos bem avançados que atacavam simultaneamente e, em algumas ocasiões, até à frente dos atacantes centrais. A seleção brasileira que ganhou sua primeira Copa do
Mundo em 1958 utilizava esta formação. Doze anos depois, a equipe dirigida por  Mário Zagallo  - membro do plantel campeão em 1958 - utilizou uma variante do 4-2-4 que cativou o planeta na Copa do México, em 1970.

Enquanto isso, o treinador russo Viktor Maslov desenvolveu outra variante, na qual os extremos retrocediam para se alinhar com os meio-campistas centrais. Assim, originou-se o 4-4-2, formação que oferecia uma superioridade numérica em relação ao rival nesta zona do campo. Também se atribui a Maslov o desenvolvimento de uma estrutura mais organizada e disciplinada na hora de pressionar. Com este enfoque, ele levou o Dinamo de Kiev a três títulos consecutivos da liga soviética no fim dos anos 60.

Quais são as responsabilidades em fase de posse de bola do 4-4-2?

Na formação 4-4-2, os atacantes centrais oferecem profundidade no ataque ao fixar os zagueiros rivais. Os atacantes podem segurar a bola e esperar a chegada dos jogadores da segunda linha ou iludir os marcadores, ao se distanciarem da linha defensiva rival, para gerar espaços para um companheiro que penetre desde o meio-campo. Além do mais, são os atacantes que costumam criar e finalizar as chances de gol.

Os dois meio-campistas de lado atacam ao redor da linha defensiva rival (abaixo) para efetuar cruzamentos aos dois atacantes. Ou podem cortar por dentro e buscar combinações com passes curtos. Nessas ações que optam por movimentações interiores, um dos atacantes costuma se deslocar à ponta.

4-4-2 em fasse do posse

Os dois meio-campistas centrais conectam a linha defensiva com os atacantes através de passes, mas podem também ter um papel mais abrangente, marcando presença nas duas extremidades do campo. São os chamados jogadores box to box. Eles também podem contribuir com cruzamentos mais estreitos, quando aparecem para auxiliar os meias de lado.

Os laterais também oferecem auxílio por trás dos meias de lado, e também podem fazer movimentações para dentro a fim de ajudar os meio-campistas na fase de construção do jogo. Se o meio-campista de lado se movimenta para zonas interiores, os laterais fazem a ultrapassagem para fazer cruzamentos ou cortes para dentro.

Os zagueiros fazem a conexão com o meio-campo, como também podem conduzir a bola pelos corredores internos. Da mesma forma que podem escolher inverter o lado da jogada, passando a bola ao meio-campista mais distante, ou buscar passes verticais em direção à zona de ataque.

Quais são as responsabilidades em fase defensiva do 4-4-2?

Os dois atacantes mapeiam os espaços à frente do volante ou da dupla de volantes do
rival na zona de meio-campo, ao mesmo tempo que pressionam a linha defensiva.
Normalmente, apertam sobretudo os zagueiros adversários, com o objetivo de forçar o rival a sair jogando por fora.

À medida que os meio-campistas de lado retrocedem à altura da dupla de volantes, criando assim uma linha horizontal de quatro jogadores, este quarteto busca manter uma distância correta entre a linha de ataque e a linha defensiva (abaixo). Esses jogadores proporcionam o equilíbrio defensivo quando a bola está pelos lados do campo, com o atleta mais distante da jogada posicionado na zona central. Os meio-campistas centrais frequentemente pressionam os adversários em duelos individuais, com os meio-campistas de lado marcando os laterais rivais.

4-4-2 quando não se tem a bola

A linha defensiva opera com a mesma compactação, mantendo-se estreita sempre que apropriado. Normalmente, os zagueiros são os responsáveis pela marcação dos atacantes que recuam e buscam o passe entre linhas. Além de defender a própria área do jogo direto e dos cruzamentos rivais. Todos os integrantes da linha defensiva têm que estar preparados para retroceder e cobrir espaços às costas.

Quais treinadores melhor utilizaram o 4-4-2?

Sir Alex Ferguson, Manchester United

Ferguson  preferia um 4-4-2 com dois meio-campistas abertos, que buscavam atacar ao redor da linha defensiva rival e fazer cruzamentos, mas que também tinham liberdade para buscar combinações internas com os jogadores box to box (abaixo). Os dois atacantes também costumavam ter liberdade para retroceder, muitas vezes alternando-se entre ocupar a posição de centroavante e um posicionamento mais de meia, enquanto os laterais surgiam pelas pontas. As ultrapassagens dos laterais costumavam suceder somente quando o meio-campista estivesse pronto para cobrir o espaço deixado pelo companheiro.

Defensivamente, podiam pressionar o rival com o mesmo 4-4-2, mas em algumas ocasiões também funcionava bem quando adotavam um bloqueio médio de marcação.

Funcionava como um convite aos rivais para ir à frente, os deixando expostos para os rápidos contra-golpes que Ferguson esperava da fluida linha de um ataque com quatro homens, que utilizou ao longo de sua extensa e bem-sucedida etapa em Old Trafford.

Diego Simeone, Atlético de Madrid

Simeone também tem preferido o 4-4-2 ao longo de sua passagem pelo Atlético de
Madrid . Defensivamente, costuma optar por um bloqueio médio ou baixo, com o foco sempre na compactação das linhas (abaixo) e controlando jogos através da cobertura dos espaços dentro de seu próprio campo. Em fase ofensiva, os meias tendem a se movimentar por dentro para apoiar a dupla ofensiva, com os laterais avançando pelas pontas. Os meio-campistas com funções mais defensivas cobrem as laterais quando necessário, apesar do treinador argentino sempre priorizar as vantagens numéricas nas zonas centrais do campo.

Ralph Hasenhüttl, Southampton

Defensivamente, Hasenhüttl prefere que o Southampton faça uma pressão alta, de
maneira agressiva, em seu 4-4-2. Os dois atacantes centrais fixam rivais em sua linha
defensiva, movendo a pressão para fora. Frequentemente, a ação é apoiada pelo meio-campista aberto mais próximo da jogada, que salta à frente (abaixo), enquanto que os demais atletas da linha de meio-campo buscam o equilíbrio defensivo na zona central.

No ataque, o 4-4-2 de Hassenhüttl opera de maneira similar ao de Simeone, com muitos homens na zona central, especialmente depois de uma recuperação de bola no ataque ou no meio-campo.

Quais são as vantagens de jogar no 4-4-2?

O 4-4-2 posiciona dois atacantes como uma ameaça acima. Contra uma linha defensiva rival de quatro jogadores, isso significa que os dois zagueiros adversários estarão sempre ocupados. A ameaça dupla é útil para assegurar presença na área rival e opções para combinações por dentro e ao redor dela. Além de oferecer uma base sólida para gerar contra-ataques de maneira efetiva.

No 4-4-2, é raro ver os laterais defendendo em inferioridade sem apoio. Normalmente, os meio-campistas de lado estão mais bem posicionados para voltar e trabalhar atrás, diferentemente do que acontece no 4-3-3, por exemplo. Portanto, o sistema oferece uma forte presença defensiva na extensão do campo, com linhas próximas e com um bom equilíbrio defensivo e de coberturas, o que permite facilmente a execução de uma pressão alta, um bloqueio médio ou baixo.

Finalmente, ainda oferece o equilíbrio perfeito para contra-atacar. As equipes que adotam o 4-4-2 têm os números de jogadores suficientes para defender com um bloqueio baixo e compacto para cercar os atacantes rivais e, ao mesmo tempo, com suficiente presença para iniciar um contra-ataque e conectar rapidamente com meias e atacantes.

Quais são as desvantagens de jogar no 4-4-2?

As equipes que utilizam o 4-4-2 podem apresentar inferioridades numéricas no centro do meio-campo, especialmente quando enfrentam rivais com três meio-campistas centrais.

Assim, podem sofrer para conseguir a posse da bola.

Além disso, o 4-4-2 também pode apresentar deficiências defensivas, com jogadores na mesma altura do campo, mas isolados para enfrentar situações de um contra um. Em que pese a compactação deste sistema, é suscetível a sofrer com passes de infiltração, que rompem linhas. Um bom passe desse tipo pode eliminar quatro jogadores em um só golpe. Uma formação defensiva como o 4-1-4-1 oferece melhores coberturas entre linhas.

Em fase de posse de bola, com a linha de quatro meio-campistas composta em mesmo número e ordem que a linha defensiva, os rivais podem obstruir linhas de passes. É mais difícil para as equipes que usam esta formação gerar as mesmas opções de passe que outras com mais jogadores em suas linhas horizontais ou verticais.