Abel Ferreira
Palmeiras, 2020-Presente
FINAL DA COPA LIBERTADORES, 30 DE JANEIRO DE 2021
Breno Lopes (90+9')
Há jogos que marcam a carreira de um treinador. Para Abel Ferreira, um deles foi, sem dúvida, aquele disputado no estádio do Maracanã, em janeiro de 2021, na decisão da Copa Libertadores. Era a primeira grande final na carreira do treinador português, e a chance do Palmeiras voltar a vencer a Libertadores, 21 anos depois de seu primeiro título da competição, em 1999. Um jogo, além de tudo, contra o rival Santos e ainda com todas as limitações impostas pelo Covid.
Todo esse contexto, somado a uma carga emocional muito grande, pelo tamanho do troféu em disputa, "não poderia deixar de ser mencionado antes de falar do plano estratégico do jogo", como ressalta Abel Ferreira no início desta masterclass exclusiva.
O plano tático para a final
Abel Ferreira divide a mesa do The Coaches' Voice em três zonas ao falar do modelo defensivo do Palmeiras: a pressão na saída de bola do Santos, os mecanismos utilizados em um bloco médio e a proteção da área contra as ameaças dos pontas com o pé trocado do adversário, Marinho e Yeferson Soteldo. Ameaças que o Palmeiras conseguiu neutralizar com uma marcação "dois contra um, para fechá-los por dentro e recuperar a bola”.
A final entre Palmeiras e Santos foi marcada pelo equilíbrio, com as duas equipes se controlando para não cometer erros. Nesse contexto, Ferreira explica como se dava a saída de bola do Verdão, apoiada pela movimentação interior de Zé Rafael e tendo sempre Luiz Adriano como principal referência no ataque. No meio-campo, o Palmeiras adotou uma diagonal móvel, com a intenção de "gerar superioridade de três contra dois no corredor, para depois sair pelo lado contrário”.
O gol
"A tática é 30%, que é o treinador. Setenta por cento são os jogadores. Daí, muitas vezes falo que os grandes protagonistas são os jogadores”. Este raciocínio de Ferreira está ligado com o gol decisivo de Breno Lopes para o Palmeiras na final, detalhado pelo técnico na mesa do The Coaches' Voice.
"Rony e Breno estavam em posições invertidas: o Rony estava na ponta direita e o Breno estava entre a zagueiro e lateral, que era a função que o Rony vinha desempenhando durante todo o jogo. O certo é que aos 90 minutos e qualquer coisa, uma bola ganha pelo Danilo, chega ao Rony, e há um cruzamento mais longo, em que a bola nas costas (do zagueiro), em uma zona difícil de defender, às costas do zagueiro e à frente do lateral.
Um cruzamento que, para mim, foi uma obra de arte. O cruzamento e a cabeçada ficarão, certamente, na história. A bola é colocada na segunda trave e há um gesto técnico fantástico do Breno, que ficará na história".