O que é um meio-campista defensivo?
O tradicional camisa 5, no futebol brasileiro, ou camisa 6, em boa parte da Europa, é o meio-campista mais recuado, com mais funções defensivas na linha de meio-campo. Uma equipe pode ter um jogador nesta posição, apoiando outros dois meio-campistas interiores. Nesse caso, o meio-campista defensivo faz parte de um triângulo no centro do campo em um esquema 4-3-3.
Quando uma equipe joga com dois meio-campistas defensivos, também chamados de volantes no Brasil, esses jogadores atuam atrás de um meia-atacante, o que inverte o triângulo no centro do campo. Um exemplo disso está na imagem abaixo. Joshua Kimmich e Leon Goretzka, do Bayern de Munique, formam uma duplas de volantes, com Jamal Musiala como único meia.
Um único meio-campista defensivo também pode atuar em uma formação 4-4-2 (losango), 3-5-2 ou 3-4-3. Enquanto dois meio-campistas defensivos também podem fazer parte de um 3-4-3 ou 4-2-2-2.
Qual é a origem do termo 'número seis’, utilizado na Europa?
O termo 'número seis' tem sua origem na introdução da numeração para os onze jogadores titulares no futebol inglês. Em 25 de agosto de 1928, ocorreu um marco importante na numeração dos jogadores, quando foi testado em dois jogos da Football League, Arsenal x The Wednesday (agora Sheffield Wednesday) e Chelsea x Swansea Town (agora Swansea City).
Naquela época, a formação mais popular era o 2-3-5. Quando a escalação do time era escrita, o goleiro aparecia em primeiro lugar e o ataque vinha por último, com os jogadores numerados de 1 a 11, da direita para a esquerda. Isso significava que o goleiro era o número um, e os dois integrantes da linha defensiva, dois laterais, ficavam com os números dois e três. A linha do meio-campo, composta por um jogador pela direita, outro centralizado e um último atleta pela esquerda, incluía os números quatro, cinco e seis, respectivamente (abaixo).
À medida que as formações evoluíam para incluir uma linha de defesa com quatro jogadores, o significado posicional dos números de 1 a 11 geralmente se aproximava das atribuições do sistema 2-3-5. Assim, os laterais mantiveram os números dois e três. O número seis costumava ser atribuído ao meio-campista mais recuado (abaixo). Mesmo que fosse usado por um zagueiro, o jogador com o número seis desempenhava funções-chave na defesa e na construção do jogo a partir das áreas centrais.
De fato, alguns países e treinadores usam o número quatro ou cinco para se referirem ao meio-campista defensivo ou volante. No entanto, independentemente do número, a função permanece a mesma.
Quais são as responsabilidades do meio-campista defensivo com bola?
O meio-campista defensivo costuma ser o principal elo entre a defesa e o meio-campo. Ele opera principalmente nos espaços à frente dos zagueiros e deve oferecer opções de passes curtos através de movimentos sutis e oportunos.
Não é raro que o meio-campista defensivo se posicione na primeira linha durante a saída de bola de sua equipe. Nesse caso, ele pode se encaixar entre os zagueiros (abaixo) ou se deslocar para um dos lados. Seus movimentos devem ser taticamente versáteis, com uma boa interpretação das movimentações de seus companheiros e do momento ideal para efetuar qualquer troca de posição.
Outro atributo fundamental para o volante é ter uma boa leitura tática, que aumente a sua percepção do espaço, dos companheiros e da pressão adversária. Deve ser capaz de receber o passe e dar continuidade à jogada para a frente com a maior frequência possível, orientado corretamente para sair com a bola após receber o passe, e romper linhas.
O meio-campista defensivo geralmente é o principal elo da equipe. Deve ser capaz de mudar o lado da jogada com precisão, para longe da pressão adversária. Alguns também podem avançar com a bola e driblar para fazer a equipe progredir, antes de efetuar o passe para companheiros mais avançados no terreno de jogo.
Quando está em zonas mais avançadas no campo, o meio-campista defensivo deve saber identificar o timing ideal para mudar o ritmo de um ataque. Ao acelerar ou desacelerar a jogada, pode manipular as defesas e blocos de marcação rivais. Com uma variedade de passes, e bom índice de acerto, o meio-campista defensivo pode furar as defesas adversárias. Com passes em profundidade, ao redor ou por cima do bloco defensivo, ou então com inversões rápidas do lado da jogada (abaixo).
O meio-campista defensivo também pode fazer a conexão direta com a linha de ataque, através de passes mais longos através do bloco de marcação rival. Ao buscar espaços às costas da defesa adversária, pode buscar a diagonal para acionar o ponta mais distante da jogada. Assim como pode tentar a conexão direta com o centroavante.
Quais são as responsabilidades do meio-campista defensivo sem bola?
Os meio-campistas defensivos devem parar, interromper ou limitar os contra-ataques adversários. Muitas vezes, eles se tornam a primeira linha de defesa nas transições. Assim, costuma se posicionar atrás da linha da bola quando sua equipe chega ao último terço do campo (abaixo).
Um volante pode parar contra-ataques ganhando o primeiro e o segundo contatos, quebrando o jogo, recuperando bolas soltas e dominando os duelos. Ele também pode manter o adversário preso em seu próprio campo, o que ajuda a equipe a suportar esses ataques rivais.
Sem bola, o meio-campista defensivo auxilia na pressão alta bloqueando o acesso ao centroavante adversário. Frequentemente, faz isso monitorando os espaços que se abrem com o desenrolar da jogada. O volante também deve pressionar os meio-campistas centralizados do oponente quando seus companheiros mais adiantados avançam no terreno de jogo.
Em um bloco mais fixo, o volante se concentra em controlar e monitorar os passes entre os zagueiros, bloqueando o acesso dos adversários por dentro.
Ele também pode marcar um adversário de forma direta quando a defesa estiver operando em um bloco mais baixo. O que normalmente envolve cobrir e acompanhar o meia-atacante rival.
O volante pode se posicionar na linha defensiva e atuar como um zagueiro adicional. Em uma linha de três, ele pode cobrir os espaços centrais se um dos zagueiros externos sair para proteger a lateral.
Assim como pode dar cobertura a uma defesa com quatro jogadores se o adversário tirar um zagueiro de posição. Ou também pode se juntar e formar uma linha defensiva temporária de cinco integrantes, fornecendo uma presença defensiva extra.
Quem são bons exemplos de meio-campistas defensivos no futebol moderno?
• Sergio Busquets, no Barcelona, Inter Miami e Espanha.
• Jorginho, no Napoli, Chelsea, Arsenal e Itália.
• Rodri, no Atlético de Madrid, Manchester City e Espanha.
• Joshua Kimmich, no Bayern de Munique e Alemanha
• Declan Rice, West Ham, Arsenal e Inglaterra.
• Casemiro, no Real Madrid, Manchester United e Brasil.
• Fabinho, no Monaco, Liverpool e Brasil.
Quais são as vantagens de jogar com um meio-campista defensivo?
Em uma formação com três jogadores no meio-campo, o meio-campista defensivo ajuda a criar vantagens numéricas contra adversários com dois atletas no setor. Assim, a equipe pode dominar a posse de bola, encontrar espaços para romper a pressão do oponente e avançar com a bola (abaixo).
O volante oferece uma cobertura defensiva adicional, equilíbrio, monitoramento e proteção à frente da zaga. Assim como tenta bloquear o acesso da equipe adversária a seu centroavante.
A presença de um único volante permite que a equipe opere com dois meio-campistas interiores, jogadores que podem se incorporar mais cedo ao ataque. Com o volante oferecendo cobertura, apoio e proteção logo atrás, os meias podem ocupar posições ofensivas na primeira linha.
Quais são as desvantagens de jogar com apenas um meio-campista defensivo?
Se as equipes que jogam com um único volante precisam que esse jogador se desloque para cobrir as laterais, o espaço central ficará exposto.
Da mesma forma, qualquer adversário que jogue com vários meias ou jogadores entre as linhas pode criar vantagens numéricas contra um único meio-campista defensivo. Dessa forma, ele não conseguirá defender, cobrir ou proteger zonas cruciais no campo defensivo.
Por fim, um único meio-campista defensivo é incapaz de cobrir as linhas de passe para dois atacantes centrais do adversário. O que pode gerar uma pressão maior para seus companheiros de zaga.