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Jürgen Klopp e Arne Slot: comparação tática

Jürgen Klopp e Arne Slot: comparação tática
Redacción
The Coaches' Voice
Publicado el
14 de mayo 2024

Após o acordo firmado entre Liverpool e Feyenoord, tudo indica que Arne Slot será o sucessor de Jürgen Klopp nos Reds. Dado o sucesso do alemão no cargo, faz sentido contratar alguém que compartilhe ao menos algumas semelhanças táticas com seu antecessor.

Até o presente momento, Slot só dirigiu clubes na Holanda. E, evidentemente, obteve sucesso suficiente para atrair a atenção de um dos grandes clubes da Premier League. Em sua primeira oportunidade como treinador, no Cambuur, da segunda divisão, levou a equipe do 14º lugar à terceira posição em menos de uma temporada. No AZ Alkmaar, estava a caminho de um surpreendente título da Eredivisie, antes que a temporada 2019/20 fosse cancelada em meio à pandemia de Covid. Posteriormente, ele levou o Feyenoord ao título - apenas o segundo do clube em quase um quarto de século -, além de uma final da Europa Conference League e à primeira conquista da Copa da Holanda em seis anos.

É inegável que Slot ajudou os clubes que dirigiu a conquistar títulos acima de suas possibilidades. No entanto, além dos resultados, o Liverpool também deve ter analisado os processos que Slot implementou para alcançar o sucesso. Entre eles, claro, a sua abordagem tática.

Abaixo, nossos treinadores analisam as táticas de Slot, no Feyenoord, e de Klopp, no Liverpool, identificando as semelhanças, assim como as diferenças entre eles.

Pressão

A conexão mais óbvia entre Slot e Klopp é a aposta numa agressiva pressão alta. Em geral, Slot utilizou uma estrutura 4-2-3-1 no Feyenoord, variando ao 4-4-2 na hora de pressionar, com o meia saltando de linha para apoiar o centroavante (abaixo).

Ataque feyenoord Arne Slot

Jürgen Klopp utilizou um 4-2-3-1 no início de seu trabalho no Liverpool. Mas, frequentemente, pressionava com uma linha de três atacantes, em vez dois, como fazia Slot. No entanto, é de se destacar o compromisso do técnico holandês em ter uma equipe agressiva na pressão. Em suas três temporadas no Feyenoord, o clube registrou o segundo ou terceiro menor PPDA (passes permitidos por ação defensiva).

Quando Klopp alternou o Liverpool para um 4-3-3, ele continuou a pressionar com uma linha de três homens na frente, que se mostrava muito agressiva na marcação da defesa adversária. O Feyenoord de Slot, por outro lado, deixa um jogador a mais no meio-campo. Algo que proporcionava à sua equipe uma cobertura mais efetiva em todo o terreno de jogo. Como Jürgen Klopp tinha três jogadores no meio, apostava por meio-campistas explosivos, capazes de duelar pela posse de bola nos espaços centrais, mas que também fossem eficazes para identificar a hora de saltar e pressionar. Atletas como Jordan Henderson, Georginio Wijnaldum, Naby Keïta e, mais recentemente, Dominik Szoboszlai, Harvey Elliott e Alexis Mac Allister foram excelentes nesse aspecto.

Sempre que o trio de meio-campistas de Klopp pressionava agressivamente na zona central e a linha de ataque se estreitava, os laterais saltavam para o ataque. O que explica a falta inicial de apoio defensivo às costas dos laterais (abaixo).

Pressao Liverpool Jürgen Klopp

No caso de Slot, ao operar com dois jogadores na primeira linha de pressão, o acesso central era bem coberto por sua equipe, o que permitia que os extremos pressionassem em zonas mais abertas, enquanto os laterais mantinham uma posição mais conversadora.

A aposta de Jürgen Klopp, em ter os meio-campistas interiores no terço final na hora de pressionar, significava uma maior ameaça de gol ao rival, quando a bola fosse recuperada. A abordagem de Slot, porém, oferece mais apoio e cobertura caso o adversário rompa a primeira linha de marcação.

Dupla de volantes

Slot utilizava uma dupla de volantes na saída de bola. Às vezes, fazia isso com quatro defensores e os volantes próximos um do outro. Mas, com o tempo, a estrutura se transformou e a equipe passou a jogar com um lateral invertido, geralmente o lateral-direito, Lutsharel Geertruida, em áreas centrais. A partir daí, a defesa foi convertida em uma linha de três, com uma dupla de volantes à frente (abaixo).

Saída de bola feyenoord Arne Slot

A linha do meio-campo, então, se reajustava, com um dos volantes avançando para os corredores internos, onde operava ao lado do meia, com os laterais mantendo a amplitude.

Klopp usou uma dupla de volantes e uma linha de quatro defensores em seus primeiros dias no Liverpool. Isso aconteceu, em parte, por causa do elenco que herdou, mas também para fornecer uma base para seu agressivo e característico contra-ataque na zona central.

À medida que Jürgen Klopp foi desenvolvendo seu trabalho no clube inglês, houve muitas ocasiões em que optou por uma dupla de volantes num 4-3-3. Isso acontecia quando um dos meio-campistas interiores se deslocava para fazer a cobertura defensiva e as transições, em vez de recuar para ajudar na saída de bola. Uma ação condicionada pelos laterais Andy Robertson e Trent Alexander-Arnold. Dois jogadores muito influentes na fase ofensiva da equipe, partindo de suas laterais para ocuparem posições adiantadas no terreno de jogo. Esse foi o tom durante grande parte do tempo de Klopp no Liverpool, especialmente nas temporadas em que venceu a Liga dos Campeões e a Premier League.

Posteriormente, essa tática foi adaptada para uma saída com três homens, quando Alexander-Arnold saltou da lateral-direita para o meio-campo, tornando-se um segundo volante (abaixo). Uma tática quase idêntica à empregada por Slot no Feyenoord na temporada 2023/24.

Losango meio-campo Liverpool Jürgen Klopp

Os meio-campistas interiores de Klopp se deslocaram mais à frente, em profundidade, em conexão com os extremos, geralmente Mo Salah e Luis Díaz. Mas também, ocasionalmente, com Cody Gakpo, Diogo Jota, Harvey Elliott ou Darwin Núñez. Klopp também utilizou um meio-campista mais recuado em um 3-4-2-1 convertido. Nesse caso, Wataru Endo e Mac Allister formaram a dupla de volantes, permitindo o avanço do lateral-direito, Conor Bradley.

Movimentos ofensivos

Uma vez estruturado o meio-campo do Feyenoord nos momentos com bola, a equipe 2023/24 de Slot atacava a área com determinação e inúmeros jogadores. Não era raro ver quatro ou cinco atletas nas proximidades da área adversária. Enquanto isso, os três defensores e a dupla de volantes davam cobertura e apoio atrás da linha de passe.

Os jogadores dos corredores internos se adiantavam, aproveitando o espaço gerado pelos extremos que, anteriormente, haviam arrastado a marcação dos laterais adversários (abaixo). O zagueiro mais aberto da linha de três também se movia à frente para dar apoio. Para o caso de ser preciso reiniciar a jogada e invertê-la para o extremo oposto.

Slot também incentivou os extremos do Feyenoord a atacar com agressividade em ambos os lados do campo. Muitas vezes, em situações de sobreposição e ataque de 1 contra 1, de uma maneira

semelhante à de jogadores como Salah, Diaz ou Sadio Mané, no Liverpool. Quando se deslocavam ao interior do terreno de jogo, partindo de posições iniciais abertas, essas corridas também funcionavam para ameaçar o gol rival de maneira mais direta.

O Liverpool de Jürgen Klopp, no início do trabalho, exibia padrões de movimentação e ataque em que os laterais avançavam, os extremos se deslocavam para dentro e os meio-campistas interiores frequentemente atuavam na cobertura. Esses triângulos por fora complementavam a movimentação do centroavante, que geralmente era Roberto Firmino.

À medida que Klopp desenvolveu o 4-3-3, Alexander-Arnold começou a se movimentar mais por dentro. Jogadores como Henderson (abaixo) e Wijnaldum realizavam corridas nos corredores internos, desde a segunda linha, de forma semelhante aos meias convertidos por Slot no Feyenoord. Na esquerda, Robertson continuou se deslocando à função de extremo-esquerdo com o pé trocado (abaixo, com Thiago Alcântara abandonando sua posição interna para fazer a cobertura).

Em seu “Liverpool 2.0”, Klopp incentivou a movimentação ofensiva de forma semelhante, com Alexander-Arnold, como lateral invertido, formando a dupla de volantes. Na ausência de Alexander-Arnold, seu substituto Bradley mostrava-se mais inclinado a avançar pela lateral, o que permitia ao extremo pela direita que se movesse para dentro (abaixo).

Embora o tipo de jogador à disposição de Jürgen Klopp tenha sido diferente do elenco de Slot no Feyenoord, a estrutura ofensiva em 3-4-2-1 era a mesma. Portanto, se Slot implementasse esses movimentos ofensivos no Liverpool, teria à sua disposição um elenco habituado a essas ideias. Será fascinante ver quais mudanças de estilo terá o Liverpool após a troca no comando.