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Antony: relatórios da Premier League

The Coaches' Voice
Antony: relatórios da Premier League
Getty Images
Redacción
The Coaches' Voice
Publicado el
septiembre 15 2022

Antony

Manchester United, 2022-Presente

O Perfil:

Depois das milionárias contratações do argentino Lisandro Martínez e de seu compatriota brasileiro Casemiro, Antony se converteu no terceiro jogador sul-americano - e no mais caro - a assinar com o Manchester United no verão europeu de 2022. Numa negociação que se aproxima dos 100 milhões de euros, o United trouxe o atacante de 22 anos, proveniente do Ajax, campeão holandês, para que se reencontrasse não apenas com o zagueiro Martínez, mas também com o treinador Erik ten Hag.

Antony, revelado nas categorias de base do São Paulo, assinou com o Ajax na véspera de completar 20 anos de idade. Após duas bem-sucedidas temporadas na Holanda, ele segue o caminho de ten Hag. "Deu para ver todo o seu potencial", disse o técnico holandês depois de Antony marcar em sua estreia na Inglaterra, na vitória do United por 3 a 1 contra o Arsenal. "Sei que tipo de ameaça ele pode ser na Premier League. Jadon Sancho e Marcus Rashford podem jogar pela direita, mas preferem atuar pela esquerda. Agora temos a peça que faltava para jogar bem pela direita".

Análise técnica:

Antony é um ponta/extremo canhoto que joga pela direita e cujo instinto natural é atacar por dentro, em direção ao seu pé dominante. Seus dribles partindo desta diagonal podem ser efetivos; ele costuma dar vários toques curtos para controlar a bola e afastá-la de seus marcadores (abaixo). Seu posicionamento inicial, aberto, ajuda a descolar o lateral adversário dos demais integrantes da primeira linha defensiva, gerando um espaço para driblar. O brasileiro ataca por dentro de forma similar à de Riyad Mahrez, ou seja, com pausas na condução da bola antes de realizar uma troca de ritmo, com uma explosiva aceleração.

Antony é um ponta/extremo canhoto que joga pela direita e cujo instinto natural é atacar por dentro

Como os laterais rivais trabalham, em sua pressão, para forçá-lo a jogar pela ponta, Antony adaptou seu jogo e passou a fazer mais cruzamentos rasteiros com seu pé direito. Nesses casos, costuma ludibriar o rival dando um toque na bola para dentro antes de acelerar pelo outro lado e fazer o cruzamento ou dar o corte. Como os laterais adversários certamente seguirão tentando induzi-lo a levar a bola em direção ao seu pé direito, ele deveria tentar dar com mais frequência um segundo toque através da linha defensiva, especialmente se não houver a possibilidade de cruzar rapidamente. 

Isso permitiria a Antony superar completamente seu marcador e conseguir faltas ou até pênaltis. Representaria também uma ameaça alternativa quando enfrentar laterais com a mesma velocidade e capacidade de aceleração. 

Ameaça de gol

Antony é muito hábil na hora de se conectar com seus companheiros de equipe para criar oportunidades de finalização para si próprio. Espera que um deles - normalmente lateral ou meio-campista - faça a ultrapassagem, arrastando com seu movimento um rival, justo quando Antony começa a cortar para dentro. Quando finaliza com seu pé esquerdo, sente-se confortável tanto em chutar com efeito, buscando o ângulo mais distante (abaixo), quanto ao colocar potência em suas finalizações. Corridas de companheiros em direção à área também ajudam a afastar defensores, proporcionando a ele mais liberdade para arriscar chutes de média distância. 

Antony começa a cortar para dentro. Quando finaliza com seu pé esquerdo, sente-se confortável tanto em chutar com efeito, buscando o ângulo mais distante

À medida que foi evoluindo seu jogo, Antony passou a aproveitar mais as ultrapassagens de seus companheiros para criar oportunidades de finalização para si mesmo. Porém, essas ultrapassagens são mais frequentes pelo corredor interno, ou seja, o mesmo espaço que Antony prefere avançar com a bola. Como resultado, o brasileiro precisa atrasar ligeiramente seu drible, o que pode permitir que o adversário se aproxime dele e feche o espaço em direção ao gol, possivelmente com o auxílio de um segundo defensor. 

Apesar de ter sido o segundo jogador do Ajax com mais chutes a gol na Eredivisie tanto na temporada 2020/21 quanto na de 2021/22, Antony não chegou a uma dezena de gols em nenhuma delas. De qualquer forma, ele sincroniza bem seus movimentos em direção à baliza quando a jogada é construída pela esquerda, convertendo-se num valioso atacante adicional na segunda trave. Nessa posição, pode tanto entrar para finalizar quanto ser útil ao tirar marcadores de seus companheiros centralizados. 

Na defesa

Antony é forte na pressão pós-perda e costuma fazê-la imediatamente após ele ou um companheiro próximo perder a posse da bola. Sua agilidade e aceleração são fundamentais para isso, mas não só, o brasileiro também pressiona com inteligência, sobretudo quando força a saída de bola pelos lados, fazendo uma pressão de dentro para fora. Também mostra competência quando exerce pressão por trás ou vai para a dividida, intercepta, marca e recupera a bola por trás (abaixo). Na defesa, é uma fonte constante de apoio ao seu companheiro da lateral-direita. 

Antony é forte na pressão pós-perda

Antony num 4-2-3-1

Em sua primeira temporada no Ajax, Antony atacou pela direita dentro do sistema habitual de Erik ten Hag, o 4-2-3-1. O meia Davy Klaassen se adiantava para acompanhar o centroavante Sébastien Haller, que se incorporou à equipe em meio à temporada. Dusan Tadic fechava por dentro, vindo da esquerda, com Daley Blind ou Nicolás Tagliafico oferecendo ultrapassagens pelo setor para dar amplitude ao time. Com dois atacantes centralizados - mais Tadic que frequentemente se somava a eles -, Antony podia manter sua posição aberta pela ponta direita (abaixo). De lá, podia usar toda sua habilidade e inteligência para tentar superar os rivais em espaços reduzidos antes de acionar um companheiro dentro da área ou finalizar a gol. 

Na temporada 2020/21 da Eredevisie, Antony foi o quinto jogador com mais assistências na liga e não é difícil entender o porquê. Quando conduzia a bola para buscar o cruzamento, ou buscava companheiros para fazer combinações, os movimentos, dentro do desenho tático 4-2-3-1, lhe proporcionavam múltiplas opções de passe para criar oportunidades de gol aos companheiros, especialmente com Tadic fechando por dentro regularmente ao partir da ponta esquerda. 

Movimentos interiores e as corridas de ultrapassagem do lateral-direito habitual, Noussair Mazraoui, apoiaram ainda mais a posição inicial de Antony, bem aberto pela ponta. Isso criava outras opções para o brasileiro, que podia, sem bola, atacar espaços às costas da defesa, ou flutuar por dentro e aumentar o poderio de sua equipe dentro da área.

Num 4-3-3

Na segunda temporada (2021/22) de Antony como jogador do Ajax, ten Hag utilizou mais o sistema 4-3-3. O brasileiro seguia atacando pelo lado direito, mas agora, os movimentos mais abertos dos meio-campistas interiores forneciam um tipo diferente de suporte e permitiram que Antony recebesse mais passes às costas da defesa depois de fazer corridas penetrantes à frente (abaixo).

O apoio ao redor e atrás da linha da bola, quando esta se movia ao corredor externo, agora vinha através do meio-campista interior e de Mazraoui, com suas ultrapassagens que permitiam a Antony cortar para dentro em direção ao último terço. No entanto, com menos jogadores por dentro e mais espaço para driblar, suas assistências diminuíram. Por outro lado, seu rendimento goleador seguiu quase idêntico, já que continuou cortando para dentro e finalizando principalmente em direção ao ângulo oposto ou acelerando em direção à área. 

O apoio do meio-campista interior através dos corredores interiores, ao contrário do enfoque mais central do meia em sua primeira temporada, permitiu a Antony fazer mais combinações por fora dos laterais adversários. Aqui, ele demonstrou destreza na hora de encontrar o melhor passe, o que nem sempre era evidente no último terço, quando priorizava os dribles e as corridas à frente. 

A partir desse posicionamento, podia realizar movimentos secundários através da linha defensiva e receber o passe entre linhas. O que lhe dava oportunidade de driblar em zonas mais centrais e encarar os zagueiros rivais com mais frequência. 

Ao se reencontrar com o treinador com quem prosperou por duas temporadas no Ajax, Antony parece um jogador pronto para deixar sua marca na Premier League. Em tempos difíceis pelos lados de Old Trafford, o torcedor do Manchester United espera que o brasileiro faça valer o alto investimento do clube em sua contratação.