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Cristiano Ronaldo: Análise tática

The Coaches' Voice en español
Cristiano Ronaldo: Análise tática
Getty Images
Redacción
The Coaches' Voice en español
Publicado el
septiembre 24 2021

CRISTIANO RONALDO

Sporting de Portugal (2002-2003), Manchester United (2003-2009 e 2021-Presente), Real Madrid (2009-2018), Juventus (2018-2021)

O perfil:

Doze anos depois, Cristiano Ronaldo está de volta ao Manchester United. Clube que o levou às primeiras grandes conquistas individuais e coletivas. É também seu retorno à Inglaterra, um dos quatro países onde acumulou gols e títulos - jogou ainda em Portugal, Espanha e Itália. Ao longo da carreira, foi variando suas funções e posições em campo, afastando-se das pontas para se instalar de maneira definitiva como atacante definidor. 

Cristiano Ronaldo soma até o momento 789 gols em 1079 jogos (uma média de 0,73 gol por partida) com as camisas do Sporting (5 gols), Manchester United (122), Real Madrid (450), Juventus (101) e da seleção portuguesa (111).  

A transformação:

Formou-se na academia do Sporting, de Portugal, e logo ganhou espaço no time principal como um ponta ágil, explosivo e dono de diferentes habilidades para driblar, com destaque para suas pedaladas. Apesar de ainda ser, na temporada 2002-03, um jogador em desenvolvimento, Ronaldo já era peça importante da equipe de Laszló Boloni, então técnico do Sporting: tendo participado de 31 jogos, nos quais deu 5 assistências e fez 5 gols (média de 0,2 gol por jogo).

Foi no Manchester United, sob o comando de Sir Alex Ferguson (abaixo), que o jogador português passou por um processo de mutação, deixando de ser um ponta implacável para tornar-se um goleador indiscutível. Os números comprovam sua evolução em Old Trafford: 6 gols na temporada 2003-04, 9 em 2004-05, 12 em 2005-06, 23 em 2006-07, 42 em 2007-08 e 26 em sua última temporada, 2008-09. Um total de 118 gols em 292 partidas pelo United (0,4 gol por jogo).

Os motivos desta transformação foram explicados por René Meulensteen (auxiliar de Ferguson entre 2007 e 2013) ao The Coaches’ Voice. “Eu achava que era um dos melhores atacantes desde muito jovem, mas ainda não era suficientemente produtivo. Nós precisávamos que marcasse mais gols. E sabíamos que ele queria a mesma coisa”.

“Meu objetivo era fazê-lo entender isso. Identificar como poderia sair de onde estava e chegar aonde queria estar”, acrescentou Meulensteen. “Também se tratava de estabelecer objetivos e metas. Explicamos a ele que as pessoas que têm um objetivo claro e traçam uma estratégia para alcançá-lo são muito mais bem sucedidas. Ele era receptivo a tudo que poderia ajudá-lo a se aproximar do que queria”.

"Jogar centralizado não é minha posição favorita, mas tive que me adaptar", confessou o jogador português depois de eliminar, com seus gols, o Arsenal das semifinais da Champions League em 2009. 

“Certamente não sou o mesmo jogador de dez anos atrás quando comecei no Sporting, nem mesmo aquele do Manchester United, quando era um ponta que driblava e cruzava... Com o tempo, passei a ver o futebol de outra maneira. Em alguns momentos, posso parecer um '9', mas não sou. Gosto de ter liberdade em campo".

Real Madrid:
Se seus números eram destacados no United, em seu primeiro ano no Real Madrid ficaram ainda mais robustos, com 33 gols feitos em 35 partidas.  

Manuel Pellegrini, então técnico dos merengues, escalava Ronaldo pelo lado esquerdo (Raúl González, Karin Benzema e Gonzalo Higuaín eram os atacantes), mas cada vez mais cresciam suas investidas por dentro (abaixo) e o tempo que permanecia em zonas de finalização a gol. Fez 11 gols em posicionamento de centroavante e 16 gols de primeira, com um toque na bola. 

Cristiano, então, já tinha se tornado um dos melhores finalizadores do mundo, potencializando ainda mais esta faceta com a chegada de José Mourinho ao Real Madrid e motivado, por outro lado, com seu particular duelo com Lionel Messi, do Barcelona, almejando superar todas as marcas possíveis. 

Se solidificou como atacante definidor, sob o 4-2-3-1 de Mourinho, chegando à área rival como ‘9’ junto a Higuaín ou Benzema. Na temporada 2010-11, somou 53 gols em 54 partidas; foram 60 gols em 55 jogos em 2011-12 e 55 gols em 55 partidas em 2012-13.

Posteriormente, Carlo Ancelotti deu sequência à efetividade de Cristiano Ronaldo. Seu melhor aproveitamento no Real Madrid veio com o técnico italiano. Foi na temporada 2014-15: 61 gols em 54 jogos. 85% desses gols foram marcados de primeira; 90% ocorreram de dentro da área. Em 2015-16, anotou 51 gols em 48 partidas.

Associação com Benzema:

A chegada de Zinedine Zidane ao clube (substituindo Rafa Benítez), em janeiro de 2016, não alterou a posição nem diminuiu a efetividade de Cristiano em campo. Ao contrário, pavimentou ainda mais o caminho ao gol, fortalecendo sua parceria ofensiva com Benzema. 

Zidane detectou que o impacto goleador do atacante português, já com menos potência e velocidade em seu jogo, crescia ao lado de um jogador com a mobilidade e capacidade associativa de Benzema. O atacante francês deixou de pensar exclusivamente na necessidade de fazer gols, focando também em habilitar Ronaldo com sua movimentação em diferentes zonas do ataque (acima). No período que coincidiram no Madrid, participaram juntos de 76 gols. 

O gol como objetivo final de seu jogo. Assim, chegou a se converter no maior artilheiro da história do Real Madrid em um tempo recorde: 450 gols e 438 jogos (1,02 gol por partida), superando os 323 de Raúl em 741 jogos (0,4). 

Juventus e retorno ao United:

A Serie A sempre foi um grande desafio para os goleadores. A disciplina tática da maioria das equipes costuma diminuir as oportunidades de gol para os atacantes. Cristiano, com 33 anos, aceitou o desafio e novamente, dessa vez pela Juventus, foi bem sucedido na arte de balançar as redes. 

A exemplo de sua última temporada no Real Madrid, o português marcou a maioria de seus gols pela Juventus de dentro da área (100% em 2019-20), mantendo-se em segundo plano nas construções ofensivas para atacar a bola no momento decisivo (acima). 

Em seu primeiro ano - com Massimiliano Allegri como treinador -, chegou a 28 gols em 43 jogos (com destaque para o “hat-trick” contra o Atlético de Madrid no jogo de volta das oitavas de final da Champions); na temporada seguinte, 2019-20, fez 37 gols; e outros 36 em 2020-21. Desempenho que o levou à média de 0,75 gol por jogo, número superior ao que tiveram atacantes lendários da Juve, como Alessandro del Piero (0,41), Omar Sívori (0,65), Michel Platini (0,47) ou Roberto Baggio (0,58), entre outros.

Com 36 anos, Cristiano Ronaldo decidiu voltar ao Manchester United, um clube bem diferente daquele de sua primeira passagem, sem falar nos novos rivais que tem na disputa pela Premier League. Entre eles, o Manchester City, que esteve próximo de contratar Ronaldo na última janela de transferências. Não mudou somente o entorno e a competitividade, também o papel de Cristiano é diferente. 

Mesmo que em sua primeira passagem tenha terminado como principal atacante com Ferguson, agora sua zona de atuação é principalmente nos últimos metros e, sobretudo, nos espaços interiores próximos à área rival, de onde busca associações com os demais talentos que o United dispõe - Bruno Fernandes, Paul Pogba, Jadon Sancho…-.

Em algumas ocasiões, também opta por deslocar-se à ponta esquerda para traçar a diagonal para dentro, especialmente nas transições ofensivas, onde por momentos faz lembrar aquele Cristiano Ronaldo de seus primeiros anos, mesclando potência na corrida com finalizações espetaculares (acima). 

Uma combinação que o mantém ainda entre os melhores atacantes do mundo.