Antonio Rüdiger
Real Madrid, 2022-Presente
O Perfil:
Antonio Rüdiger chegou ao Chelsea no verão europeu de 2017 procedente da Roma, onde atuou por duas temporadas. Uma delas, marcada por uma grave lesão em seu joelho direito que afastou o alemão dos gramados, perdendo nesse período a disputa da Eurocopa de 2016.
Longe de ter se abatido com esse contratempo, o defensor se firmou, desde então, como um dos grandes zagueiros do futebol mundial, sobretudo sob os comandos de Thomas Tuchel no Chelsea. O treinador fez de seu compatriota um dos pilares de sua defesa com três zagueiros.
Uma etapa na Inglaterra que Rüdiger deu por encerrada ao assinar com o Real Madrid. “É um jogadores do tipo que todo mundo teme, daqueles que podem jogar 50 ou 55 jogos por temporada a um nível incrível. Tem sido um defensor acima da média no último ano e meio”, disse Tuchel, seu ex-técnico no Chelsea.
Análise técnica:
Rüdiger é um zagueiro destro, que se destaca por sua força e potência nas ações defensivas. Pode jogar em qualquer dos desenhos táticos da linha defensiva, seja numa defesa composta por dois ou três zagueiros. Sob os comandos de Tuchel, atuou mais vezes numa linha de três defensores, uma vez que o técnico alemão praticamente não alterou seu 3-5-2 desde que chegou ao Chelsea.
Não é um zagueiro que se destaque propriamente pelo fino trato com a bola. Mas, ao longo dos anos e com a importância que recebeu tanto de Tuchel, quanto de Hansi Flick na seleção da Alemanha, evoluiu em sua saída de bola e também no entendimento para gerar superioridades numéricas no meio-campo. Atualmente, é um jogador com soluções bem mais determinantes do que era há algumas temporadas.
Com a bola nos pés, não é um defensor que busque permanentemente encontrar passes por dentro. Dar continuidade à jogada, sem correr tantos riscos, costuma ser a sua primeira intenção. Porém, quando tem a oportunidade de se fixar para atrair e, posteriormente, entregar a bola ao companheiro desmarcado, consegue fazê-lo sem complicações.
Em seus avanços, Rüdiger se vale de uma de suas melhores qualidades: a condução. Sua potência com a bola lhe permite progredir em alta velocidade, situação que os rivais têm muita dificuldade de recuperar a posse. Nessas ações, buscar atrair a pressão dos atacantes rivais (acima), sempre de maneira vertical e com a intenção de encontrar soluções com um passe ao companheiro, seja às costas ou ao lado do jogador que o pressiona. Costuma executar com precisão esse passe, acionando o companheiro desmarcado. Uma faceta, porém, que o defensor alemão ainda tem margem para evoluir.
Ele também participa da progressão de jogo da equipe com inversões de jogadas. Estes passes longos, que buscam um companheiro mais afastado com o objetivo de evitar a densidade defensiva do rival perto da bola, exigem uma precisão técnica que o zagueiro alemão ostenta.
Assim, era habitual ver Rüdiger no Chelsea, equipe que sempre joga com um atleta bem aberto pelo lado, fazer inversões de jogada com muita regularidade e naturalidade (abaixo).
Outro atributo destacável de Rüdiger em suas tarefas ofensivas é a sua grande capacidade no jogo aéreo. Seu porte físico, sua agilidade para se desmarcar e a potência que imprime no cabeceio, fazem do zagueiro alemão uma arma importante nas ações de bola parada no ataque.
Velocidade para gerir as situações
Em termos defensivos, Rüdiger tem muitos recursos que o tornam um dos zagueiros mais destacados da Europa. Mas se tivéssemos que sublinhar um desses atributos, certamente seria o de sua passada larga, característica física da qual consegue extrair o máximo proveito.
Cumpria com naturalidade suas funções na maneira de defender implantada por Tuchel: ir ao campo rival e sempre tentar roubar a bola o mais longe possível de sua própria área. Em caso de ver superada essa primeira linha de pressão e ter que recuar ou defender com muito campo às suas costas, Rüdiger tira proveito de sua passada larga para retornar à própria área e defender com o posicionamento adequado.
Quando o adversário ataca com superioridade numérica, e sua equipe deve recuar ou realizar alguma cobertura, o defensor alemão mostra muitas qualidades. Sua velocidade lhe permite ganhar duelos defensivos contra rivais rápidos (como, por exemplo, Mo Salah; abaixo), evitando finalizações perigosas, mesmo que tenha pedido sua posição no início da ação.
Com sua estatura, torna-se num pilar de sua equipe nas bolas aéreas. Para defender sua área, Rüdiger encontra soluções excepcionais, seja atacando a bola na primeira zona defensiva ou marcando individualmente algum rival em situações de cruzamentos previsíveis.
Sua leitura tática para prever aonde a bola irá, assim como sua capacidade para tomar decisões rapidamente, lhe permitem afastar muitas jogadas perigosas.
Em uma defesa de três:
Apesar de ser destro, Rüdiger costumava ocupar na defesa do Chelsea o lado esquerdo da linha com três zagueiros de Tuchel.
Acompanhado por Thiago Silva e Andreas Christensen, o zagueiro alemão tinha uma hierarquia e liderança condizente com seu status no clube londrino. Mas sua posição em campo variava de acordo com os companheiros que tinha ao lado.
Quando o assunto é adiantar a marcação, o alemão tem bom tempo de bola para definir quando se antecipar e interceptar. Em várias ocasiões, Rüdiger não hesita em pisar no campo adversário e evitar que o atacante rival gire ou faça o passe, de primeira, para armar um possível contra-ataque. Sair para esses duelos num posicionamento tão adiantado envolve um risco que o alemão parece sempre disposto a assumir. Demonstrando, assim, uma autoconfiança em suas capacidades físicas (abaixo).
Tem ainda um alto índice de sucesso nas antecipações para cortar a jogada. Assim, permite que sua equipe se reorganize.
Em uma defesa de dois:
Rüdiger também está habituado a jogar em uma defesa com dois zagueiros. É o que normalmente acontece na seleção da Alemanha, sob os comandos de Hansi Flick, onde os mecanismos defensivos coletivos mudam as funções do defensor em relação ao que tinha no Chelsea.
Apesar dessas variações e de jogar numa posição mais centralizada, Rüdiger mantém na seleção matizes similares ao que executava no Chelsea, como, por exemplo, se defender o mais longe possível da própria meta.
A seleção alemã, a exemplo do Chelsea, também é uma equipe que busca constantemente atacar o gol adversário, deixando espaços às costas. Uma situação na qual tira proveito da veloz recuperação de Rüdiger para se proteger dos possíveis perigos na defesa.
Na seleção, com um jogo mais posicional do que o do Chelsea, Rüdiger inicia as jogadas de trás buscando atrair rivais. Então, opta por buscar soluções com os volantes (acima). Por isso, às vezes, ele passa a sensação de tornar o jogo mais lento. Mas isso acontece com o intuito de forçar a primeira linha de pressão do adversário a se adiantar, abandonando sua posição e gerando espaços. Espaços que, posteriormente, serão ocupados por algum meio-campista alemão.
Em fase de posse de bola, opta por atrair para progredir até a segunda linha, protegido pelas superioridades geradas no meio-campo rival. Um gesto tático brilhante por parte de um dos zagueiros mais valorizados da Europa na atualidade.