Gabriel Jesus: Relatórios da Premier League

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O Perfil:

Com as saídas de Pierre-Emerick Aubameyang e Alexandre Lacazette, o Arsenal traçou como meta prioritária a contratação de um atacante. Neste contexto, o técnico Mikel Arteta não demorou para identificar em Gabriel Jesus seu principal objetivo. 

Por ter trabalhado com Jesus no Manchester City, quando era auxiliar de Pep Guardiola, Arteta conhece bem o brasileiro e considera que o jogador tem os atributos necessários para liderar a linha de ataque de seu renovado e promissor elenco. 

Para Gabriel Jesus, a chegada ao Arsenal - mesmo que o clube tenha, no momento, aspirações mais modestas em comparação ao City - representa uma garantia de maior regularidade na equipe titular, algo que resultava mais concorrido em seu ex-clube. Esta é, sem dúvida, uma questão de fundamental importância, sobretudo com a chance de representar o Brasil na Copa do Mundo do Catar. 

Arteta não escondeu sua alegria quando a contratação se confirmou: "Estou muito emocionado. O clube fez um trabalho tremendo para contratar um jogador deste tamanho", disse. “Conheço Gabriel Jesus pessoalmente e muito bem, e todos sabemos de sua trajetória bem sucedida na Premier League. Ocupa uma posição que estava em nosso radar há muito tempo. E conseguimos trazer um atleta que queríamos, portanto estou muito contente”.

Análise técnica:

Gabriel Jesus é um atacante destro que tem experiência em todas as posições de ataque (centralizado ou aberto), mesmo que tenha passado a maior parte da carreira atuando como ‘9’. Próximo à área rival, mostra sua melhor versão fazendo uso de seu instinto goleador. Quando dá mais de três toques na bola, é bem menos eficaz, sendo sua tomada de decisão menos eficiente quando tem tempo para pensar. Assim como sua efetividade, quando está de frente para o gol, diminui em qualidade depois de dar um par de toques na bola. 

Suas reações rápidas e sua capacidade para girar e ajeitar o corpo para ficar de cara para o gol e atacar bolas perdidas ou passes para a área fazem dele uma grande ameaça (abaixo). Marca muitos gols em situações nas quais outros atacantes nem sequer seriam capazes de chutar a gol. É especialmente eficiente quando finaliza de primeira dentro da área, costumeiramente surpreendendo o goleiro com seus arremates. Porém, seu poder de definição quando está de frente para o gol não é exatamente seu ponto mais forte. Faceta que necessita evoluir se quiser tornar-se um dos melhores atacantes do mundo. 

Por outro lado, apesar de não representar uma grande ameaça no jogo aéreo, Gabriel é um jugador que leva perigo nas jogadas de bola parada. Isto por causa de sua movimentação e capacidade para atacar a segunda bola. Costuma estar em posição de impedimento antes das cobranças para, então, retroceder e tentar ganhar uma sobra de bola entre a marca do pênalti e a pequena área. 

Gabriel Jesus gosta de ameaçar os espaços às costas da zaga rival. Em algumas ocasiões, porém, fica em impedimento quando ataca os espaços centrais. Neste ponto, poderia melhorar a sincronização de suas corridas entre os zagueiros para receber a bola em condição legal. 

Quando atua pelos lados - como aconteceu durante uma boa parte da temporada 2021/22 no City e na Seleção – é muito mais eficiente. Pelo corredor direito, busca o intervalo entre lateral e zagueiro rivais. Nesta posição, e com essas corridas em direção à área rival, consegue ter uma melhor noção do posicionamento dos companheiros. Assim, não fica impedido com tanta frequência. 

Gabriel Jesus é inteligente em seus movimentos nos últimos metros. Tem boa leitura para buscar o lado mais frágil de seu marcador direto. Mantendo-se, assim, fora do campo de visão do defensor (acima). 

Mesmo que consiga competir pelas bolas áreas, seu desempenho melhora quando se distancia dos zagueiros adversários. Situações que lhe permitem explorar sua velocidade e atacar a bola. Além disso, ele também sabe aproveitar as corridas de seus companheiros para atacar os espaços que se originam nesses movimentos. Ações que demonstra muita agilidade para ocupar os posicionamentos corretos para, posteriormente, tentar finalizar a jogada com um só toque na bola. 

Gabriel Jesus também se mostra confortável ao deslocar-se para zonas centrais para receber e trocar passes com a linha de meio-campo. O que faz de forma mais eficiente quando joga com um máximo de dois ou três toques na bola. Seu eficaz jogo combinativo permite que seus companheiros corram à sua frente, especialmente pelos corredores interiores, com os extremos incursionando por dentro, assim como os meias e os laterais. Nessas situações, também se sente confortável fazendo combinações de passes rápidos e, consequentemente, acaba por ser eficaz em espaços congestionados. 

Ainda tem a capacidade, a visão de jogo e o timing correto para dar assistências desde a esquina da área rival. Uma ação que utiliza para explorar o espaço às costas de um zagueiro adversário que tenha se deslocado para marcá-lo. Por vezes, Gabriel também gosta de simplificar as coisas, devolvendo a bola a um meio-campista para que este mude o lado do ataque. Assim, assegura-se que um companheiro que esteja com o corpo virado de frente para o gol adversário tenha a bola (abaixo). Se desloca constantemente, caindo com frequência pelos corredores interiores, fazendo um bom trabalho para tirar os defensores rivais de suas posições preferidas. 

Sem bola, Gabriel Jesus trabalha duro e é muito efetivo na pressão. Faz corridas em direção à bola para forçar o jogo em uma direção específica; é capaz de desacelerar rapidamente depois de correr em direção à bola e mostra-se seguro ao se aproximar do adversário para bloquear linhas de passe. Ao estar mais aberto, tenta força com que a bola vá em direção à linha lateral, pressionando de dentro para fora. 

Em zonas centrais, adapta-se em relação a posição da bola e dos adversários. Ademais, é suficientemente ágil, inteligente e perceptivo para pressionar a saída de bola adversária. 

Nos duelos individuais pela bola, Gabriel costuma utilizar sua perna direita para disputá-la com o adversário. Normalmente, prefere dar o combate em vez de cercar o oponente. Nessas situações, usa sua velocidade e capacidade de mudar rapidamente de direção para ganhar bolas soltas. 

Líder no ataque:

Gabriel Jesus tem passado a maior parte de sua carreira como centroavante. Durante sua etapa no Manchester City, exerceu tal função na maior parte de suas cinco temporada no clube. Integrando o esquema 4-3-3 preferido de Pep Guardiola, no qual os extremos permanecem bem abertos. 

As costumeiras incursões às costas da defesa rival são parte fundamental dos ataques do City, já que os dois extremos buscam chegar por dentro do lateral rival ao terminarem as jogadas em posições centrais. Gabriel Jesus contribuía para isso ao retroceder para corredores interiores, distante da posição tradicional do centroavante (abaixo). Desta forma, ajudava a criar espaços por trás, além de se conectar com os meio-campistas que ocupavam posições altas, enquanto os laterais se moviam para dentro.

O jogador da seleção brasileira também oferecia chegadas vindo de trás, aproveitando que os extremos ocupavam posições bem abertas, alargando a defesa adversária. Nessas situações, Jesus coordenava seus movimentos para que os dois pontas tivessem o maior espaço possível, ao mesmo tempo que buscava se posicionar em condições de atacar a bola em eventuais cruzamentos. O City é conhecido por sua capacidade de criar oportunidades de alta qualidade com a bola no chão. E Gabriel Jesus tornou-se um especialista em se colocar na posição ideal para o momento preciso de finalizar essas oportunidades. 

Pelo lado:

Apesar de jogar como atacante aberto com menos frequência, Gabriel já manifestou sua preferência por jogar pelos lados. Já o fez por ambos os lados, mas passou grande parte da temporada 2021/22 pelo lado direito do ataque do City. Por lá, conseguiu criar inúmeras chances claras de gol ao escapar do lateral rival e efetuar passes e cruzamentos baixos (abaixo). 

Gabriel Jesus aproveitava as descidas do lateral-direito de sua equipe - geralmente Kyle Walker ou João Cancelo - e as mudanças de ritmo das jogadas para superar seu marcador com corridas para o corredor interior. Também demonstrou sua utilidade ao enfrentar marcações com blocos baixos, recortando para dentro com seu pé esquerdo antes de acionar um companheiro de meio-campo e se deslocar à frente da linha defensiva do adversário. 

Ações que não apenas dão ao companheiro uma opção de passe à frente, mas que também servem para distanciar da bola ao menos um defensor rival. Nas vezes que a bola estava no lado esquerdo, Jesus constantemente tentava escapar de seu marcador, criando dúvidas no defensor sobre seu posicionamento. Nessas ocasiões, Gabriel atacava com frequência o segundo poste, fazendo que a defesa rival também se aproximasse de sua própria área. Assim, gerava espaço à frente da defesa, que podia ser aproveitado por um companheiro meio-campista. Ele também demonstrou boa leitura para escolher os melhores momentos de se posicionar centralizado e oferecer uma segunda opção de finalizador entre as duas traves. Quando a bola chegava, suas finalizações de primeira mostraram-se úteis. 

Gabriel Jesus é um atacante versátil, habilidoso, inteligente, trabalhador e, sobretudo, alguém que representa uma constante ameaça ao gol rival. Sem dúvidas, o Arsenal contratou um atacante brilhante. Com um treinador que o conhece bem, como é o caso de Arteta, é possível vislumbrar no horizonte um futuro bem-sucedido para o brasileiro nos Gunners.

Redacción: The Coaches' Voice