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Descobrindo Filipe Luís: Chaves táticas

Descobrindo Filipe Luís: Chaves táticas
Getty Images
Redacción
The Coaches' Voice
Publicado el
20 de febrero 2025

De jogador a treinador do Flamengo em menos de um ano. Filipe Luís encerrou sua longa carreira como atleta no Rubro-Negro, em novembro de 2023, e estreou como técnico do time principal em 6 de outubro de 2024, com uma vitória por 2 a 0 sobre o Bahia pelo Campeonato Brasileiro. Nesse meio tempo, teve breves experiências no comando das equipes sub-17 e sub-20 do clube carioca.

Desde então, a carreira de treinador do ex-lateral esquerdo do Atlético de Madrid e do Chelsea tem sido deslumbrante, com dois títulos em poucos meses: a Copa do Brasil (2024) e a Supercopa do Brasil (2025). Mas ele também tem se destacado por seu estilo de jogo e princípios táticos. “Estou muito feliz com o andamento de tudo e espero poder evoluir e aprender cada vez mais para ser um técnico melhor a cada dia”, disse o jovem treinador, em entrevista divulgada pelo Flamengo.

A seguir, nossos treinadores analisam as principais características do perfil tático de Filipe Luís, o técnico revelação do futebol brasileiro.

Adaptação tática

Filipe Luís é um técnico flexível no sistema de jogo do Flamengo, atuando principalmente com um 4-2-3-1 (abaixo) ou, às vezes, com um 4-4-2, combinando aqui um centroavante com um jogador mais de lado ou até avançando de posição o meia-atacante Giorgian de Arrascaeta. Além disso, dependendo da partida e do objetivo, ele emprega sistemas mais arriscados, como o 3-4-3, portanto com uma linha de três zagueiros.

No entanto, a flexibilidade de Filipe Luís não se limita à escolha do sistema inicial. No decorrer da partida, ele faz ajustes constantes, dependendo do placar e das ações do adversário.

Em algumas ocasiões, alterou uma defesa com quatro jogadores para uma linha de três, com a intenção principal de superar a pressão alta do adversário. Contra equipes que pressionam alto, mas de forma fragmentada, ele exige de sua equipe uma rápida circulação de bola entre os três zagueiros para se conectar rapidamente com os volantes na faixa central (abaixo). Com essa circulação rápida, o Flamengo ganha superioridade numérica e posicional para avançar ao campo adversário.

Um treinador que potencializa o jogo pelas laterais

Como jogador, Filipe Luís foi um lateral-esquerdo ofensivo (Deportivo de La Coruña, Atlético de Madrid, Chelsea e Flamengo, como as equipes mais proeminentes), um princípio que ele transferiu para seu papel como treinador. Assim, mostra uma clara preferência por um estilo de ataque no qual os flancos têm um papel fundamental.

Sob sua orientação, os laterais do Flamengo, Wesley, Guillermo Varela, Alex Sandro e Ayrton Lucas, não apenas cumprem funções defensivas, mas tornam-se peças-chave na geração de jogadas ofensivas. Filipe Luís exige dos laterais uma projeção ampla e constante, o que proporciona profundidade e superioridade numérica no ataque, permitindo trocas de posição com jogadores da zona central, como, por exemplo, De Arrascaeta, Michael e Matheus Gonçalves. A movimentação constante pelos flancos e pelo centro tem como objetivo desorganizar a defesa adversária e criar espaço para a finalização (abaixo).

Além da amplitude, Filipe Luís também usa o jogo interno para complementar o ataque pelos flancos. Os pontas devem fazer corridas de apoio para as faixas internas a partir dos flancos. Assim, o Flamengo consegue espaços para que os laterais avancem em profundidade e cheguem à zona de finalização, como geralmente acontece com Wesley (abaixo).

Controle do meio-campo

Se os flancos são fundamentais para o jogo ofensivo de Filipe Luís, o meio-campo é o motor que move o Flamengo.

Sob sua orientação, os meio-campistas devem ser jogadores versáteis, adaptando-se aos espaços abertos oferecidos pelo adversário e terem capacidade de fazer passes verticais e precisos para as faixas externas, além de recuperarem a bola quando possível (abaixo). Eles também devem ter a capacidade de fazer corridas de apoio e escalonamentos ofensivos.

Uma vez que os zagueiros tiverem conduzido a posse de bola até superar a primeira linha defensiva adversária, os dois volantes habilitam a linha de passe com os companheiros mais avançados no terreno de jogo.

No meio-campo, assim como ocorre no início da construção na defesa, o jovem técnico brasileiro aposta numa circulação de bola fluida e precisa. Ela se baseia em passes curtos e seguros na zona de criação, mas sem renunciar a opções mais arriscadas, como um passe em profundidade quando a situação exige. A mobilidade é fundamental para gerar espaços e criar oportunidades de gol.

Giorgian de Arrascaeta é um dos jogadores com mais mobilidade no sistema ofensivo de Filipe Luís. O jogador uruguaio se conecta em movimentos de apoio com Evertton Araújo para criar espaço e linha de passe para Gerson que, por sua vez e, com um toque, é capaz de acionar o atacante na sequência da jogada.

Uma vez que tem a bola no campo do adversário, o atacante busca um passe em profundidade para Michael, ao mesmo tempo em que os demais atacantes, partindo da segunda linha, se incorporam à zona de finalização (abaixo).

Transição rápida e jogo direto

Quando o Flamengo recupera a bola, a prioridade de Filipe Luís é clara: atacar de forma rápida e decisiva. Assim como ter verticalidade para explorar os desajustes defensivos do adversário.

O técnico do Flamengo incentiva o estilo de jogo direto, com passes longos e precisos que visam  surpreender a defesa adversária. Dessa forma, o Flamengo pode explorar os espaços criados após o rival perder a bola (abaixo). A coordenação entre os jogadores é essencial para que as transições sejam fluidas e eficazes. O objetivo final dessas ações é que os atacantes principais recebam a bola em condições ideais para finalizar com vantagem.

Além da velocidade, a estrutura coletiva é essencial nas transições da equipe de Filipe Luís. Os jogadores devem se movimentar de forma sincronizada e ocupar os espaços certos para receber a bola. Os meio-campistas desempenham um papel fundamental nas transições. Isso se deve ao fato de que eles são responsáveis pela ligação do jogo e pela distribuição da bola para os atacantes (abaixo).

A combinação entre velocidade, precisão e organização faz do Flamengo uma ameaça constante. O time é capaz de transformar uma recuperação em uma oportunidade de gol em questão de segundos.

A defesa como um pilar fundamental

Influenciado por sua passagem pelo Atlético de Madrid e Chelsea, e sob a tutela de Diego Simeone e José Mourinho, Filipe Luís é um técnico que prioriza uma estrutura compacta e bem organizada em fase defensiva, combinando a pressão alta com a capacidade de se reposicionar no próprio campo.

A proteção do técnico brasileiro não se limita à linha de quatro, mas envolve toda a equipe na cobertura e nas movimentações laterais. Linhas compactas, pressão organizada em sua formação 4-2-3-1 e disciplina tática são as chaves para impedir que o adversário encontre espaços.

A pressão é coordenada e inteligente, evitando entradas imprudentes e buscando recuperar a bola com vários jogadores próximos à zona ativa. Um exemplo dessa estrutura de pressão tem Erick Pulgar como protagonista. O jogador chileno pressiona o receptor da bola, com o atacante pronto para recuperar a posse e aproveitar a superioridade numérica para finalizar com vantagem (acima).

Também em fase defensiva, Filipe Luís dá grande importância ao controle dos cruzamentos laterais e das jogadas de bola parada do adversário. A organização nessas ações é fundamental para minimizar as finalizações do rival e manter o gol protegido (abaixo).

Em suma, Filipe Luís tem mostrado alguns traços muito marcantes em seus primeiros momentos como treinador: solidez na fase defensiva e um modelo de ataque baseado na mobilidade de seus jogadores e no protagonismo dos laterais.